O projeto consiste na reforma integral do andar localizado na cobertura de um edifício multiuso do início do século XX, com o objetivo de converter este espaço em habitação. A situação do apartamento é excepcional por sua posição elevada em meio de uma cunha verde que atravessa a vila e permite dominar uma sequencia de espaços vazios que ligam a montanha, os pequenos jardins internos, o vale e o mar.
A habitação se distribui em torno de dois espaços abertos (pátio e estufa) concebidos como espaços intermediários entre interior e exterior, adaptáveis em cada momento ao uso desejado em função da época do ano. A estufa, desenvolvida técnica e construtivamente em estreita colaboração com todos os serviços implicados, conta com uma cobertura móvel que desloca lateralmente sobre a escada, convertendo a estufa em um terraço ensolarado e protegido do vento que sopra ainda frio na primavera.
Da mesma forma, a cobertura (de mais de 4 m de comprimento e 10 cm de espessura) pode ser deslocada para o nordeste até que esteja situada sobre os vidros fixos, criando no verão uma varanda sombreada no terraço.
O apartamento pretende desde seu projeto permitir a participação do usuário e seu círculo mais próximo no processo construtivo como um método efetivo de apropriação do espaço e do projeto, incentivando uma carga emocional do local antes da ocupação. É por isso que se exploram soluções de catálogo, realizáveis com ferramentas e conhecimentos de bricolagem simples e serralheria de catálogo. A imperfeição do resultado, neste caso, um valor que se relaciona com as cicatrizes do edifício com a experiência vital do processo construtivo da casa.
A abertura de um pátio, a sudoeste da residência permite que a luz do sol da cozinha, escritório e banheiro, bem como a abertura e a comunicação visual e espacial dos pequenos espaços entre eles e o exterior. Devido à orientação sudeste da estufa, a incidência dos raios solares é limitada. Para multiplicar a captação de energia, se converte a cobertura móvel da estufa um captador solar de ar que aquece a estufa e este, por sua vez, a habitação.
A redução da demanda chega a 60% das necessidades de aquecimento em dias de sol perto das datas do solstício de inverno e 100% de cobertura energética de climatização em dias ensolarados até o mês de dezembro e a partir do final de fevereiro. O sistema de climatização artificial se encontra igualmente conectado ao pré-aquecimento do ar da estufa para aumentar a eficiência da bomba de calor em torno de 75%.
O consumo energético diante da combinação de sistemas naturais, mecânicos e artificiais da residência reduz seu consumo em 25% em relação às proporções habituais em uma residência convencional mostrando que é possível propor alternativas dentro da área de reabilitação ou renovação de edifícios que permitam soluções energéticas alternativas ou complementares às soluções convencionais ou tradicionais.